A importância da escuta ativa: compreender as birras. De pequenino é que se torce o pepino…
- Sandra Anjos
- 5 de dez. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de dez. de 2018

A escuta ativa é uma técnica que funciona como meio de comunicação entre a família e que possibilita o desenvolvimento da empatia e, ao mesmo tempo, fortalece o vínculo afetivo.
Em momentos de birras, quando se fala na importância da escuta ativa, torna-se necessário falar também na intolerância à frustração e na capacidade de aceitação e adaptação que a criança vai ganhando conforme se depara com as situações no dia a dia.
A criança nem sempre vai ter aquilo que quer e como quer e ela necessita de entender isso desde cedo. Esta técnica vai acalmá-la, em vez de intensificar o seu estado. Faz com que se sinta ouvida e envolvida, e perceba que não é ignorada. Perante este cenário, quer a nível consciente ou inconsciente, com certeza, manifestará sinais físicos e psicológicos e as mudanças serão visíveis, mesmo não percebendo o que se passa à sua volta, a criança SENTE.
Se a birra ocorrer num espaço público, procurem levar a criança para um espaço mais calmo. Reagir de forma impulsiva só irá piorar a situação. Fica uma dica... colocarem-se ao nível dos olhos da criança, de cócoras se for o caso, ela irá sentir o contacto visual e ficará mais próxima emocionalmente de vocês. Isso sim irá ajudar... afinal escutar é perceber o que a criança sente, e não apenas o que ela diz.
Pais: concentrem-se e olhem nos olhos dos vossos filhos. À altura deles, falem sem pressas e sem se importarem com o ambiente ao redor. Eles precisam sentir que querem estar e passar tempo com eles.
Mais do que uma técnica, podemos dizer que este tipo de comunicação é uma postura na vida, uma forma de estar e escutar e de nos colocarmos no lugar da criança. Afinal, até aproximadamente aos 12 anos, a criança encontra-se num mundo sensorial e percetivo diferente do nosso.
Será que a escuta ativa é compatível com a disciplina? O que é que acontece se os pais confundem este tipo de comunicação com permissividade absoluta? Em cada casa devem haver princípios e valores que vêm de raiz e que vão sendo moldados dia após dia. É evidente que a criança se vai irritar diante de certas situações e esta frustração é normal. Só assim ela conseguirá lidar com as adversidades. Ela necessita assim de vivenciar este conflito interno e ultrapassar esta intolerância ou então irá transformar-se num adolescente com problemas.
Para evitar que tal aconteça, os limites são necessários e a questão é como são definidos: existem para nos ajudar e não para que se tornem numa imposição ou que sejam vistos como uma obrigação.
Assim, que tipo de adulto se irá tornar uma criança sob a escuta ativa? À partida será mais fácil para ela identificar quando está a receber um tipo de tratamento que não merece e será capaz de o rejeitar. Se, por outro lado, os gritos e as ameaças fazem parte da rotina diária da criança, muito mais facilmente esta irá consentir este tipo de comportamento, pois não interiorizou nenhum sinal que lhe indicasse o contrário, entendendo como “normal”.
O mais importante da escuta ativa… Igualdade em tempo real. Entre pais e filhos.
Um dia ouvi dizer: "Quando fores mãe, vais aprender a ser filha. Quando fores avó, vais aprender a ser mãe."
No fundo, tudo isto não passa de um ciclo. Um ciclo que deve ser vivido por e com amor… Senão o que andamos cá nós a fazer?
De olhos nos olhos e coração ao peito,
Sandra Anjos.
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